Por muito tempo atores LGBT+ que interpretavam galãs e protagonistas em novelas tinham que esconder suas sexualidades devido a grande pressão da sociedade em “aceitar” tal personagem feito por um artista que se relacionasse com outro homem na vida real.
Pois bem, o ano é 2022, e três homens LGBT, Jesuíta Barbosa (bissexual), Irandhir Santos (gay) e Lucas Leto (gay) interpretam protagonistas na nova versão da novela “Pantanal” e o público, em sua grande parte, deixou essa desaprovação no passado.
É claro que essa aparente mudança do grande público perante o tema não mudou da noite para o dia, foram muitos anos de artistas tendo que esconder quem eles eram para serem protagonistas ou até mesmo para garantirem o próximo papel, já que o preconceito não era exclusividade dos telespectadores, mas vinha também de quem era responsável por tais produções.
Diferentemente do passado, atualmente atores conseguem expor suas relações homoafetivas livremente, seja sendo clicado beijando alguém na rua ou até mesmo através de uma postagem de demonstração de afeto nas redes sociais.
Jesuíta Barbosa que faz o “Jove” em “Pantanal” vira e mexe anda sendo fotografado em suas saidinhas com o amado. Além disso, o ator também já se declarou bissexual em algumas ocasiões. “Sou livre e fico com quem eu quiser, sejam homens ou mulheres. Prefiro não me bloquear”, disse Jesuíta Barbosa em entrevista à Veja.
O sextou que a gente queria!
Hoje (5), Jesuíta Barbosa foi fotografado aos beijos com um boy misterioso, enquanto curtia um solzão na praia do Leblon, no Rio de Janeiro. Além de beijar muito, os dois foram só sorrisos. A vida do solteiro não é fácil mesmo, né?! (
: AgNews) pic.twitter.com/Ne1bhgW6kP
— Hugo Gloss (@HugoGloss) August 5, 2022
Irandhir Santos faz o o peão “José Lucas” na atual novela das 9 da Globo e também tem sua vida amorosa exposta a quem deseja ver. Ele é casado com o professor Roberto Efrem Filho. “A sua vida, o meu caminho, nosso amor. Que sorte a minha”, declarou Irandhir em publicação feita no Story do Instagram. Lucas Leto vive “Marcelo” na mesma novela, mas na vida real ele é namorado do diretor Marcelo Bahia. O ator que já namorou Ícaro Silva, tem sua vida pessoal mais reservada, no entanto, em setembro deste ano, apareceu de mãos dadas com seu namorado no Rock In Rio.
Apesar de percebemos um público um pouco mais tolerante do que foi no passado, essas conquistas não poderiam ser celebradas pela comunidade se não existissem àqueles que abriram os caminhos, ou seja, os que vieram antes e tiveram que se esconder para alcançar o sucesso.
Essa mudança de comportamento do público perante os artistas LGBTQIA+ que fazem protagonistas em novelas deve-se às transformações sociais no último século no Brasil, como a oficialização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a criminalização da LGBTfobia, o apoio das grandes marcas em suas publicidades exaltando a comunidade, uma nova geração mais consciente em relação à orientação sexual, identidade de gênero e diversidade, além do fortalecimento da própria comunidade LGBT em não aceitar mais sofrer violências que foram normalizadas por décadas não só no Brasil, mas no mundo.
Não precisa ir muito ao passado para ver como uma geração de atores foi afetada psicologicamente por não poder verbalizar ou expressar seus verdadeiros sentimentos. Eles não tiveram o prazer de dizer ao mundo quem eles realmente eram ou até mesmo, não podiam demonstrar homoafetividade publicamente pois o moralismo, muito mais forte do que hoje, estava logo ali na esquina.
Mesmo que tenha acontecido depois, atores LGBTQ+ que se esconderam no passado, começaram a “sair do armário” e revelar ao mundo que são homens que se relacionam com outros homens.
Marco Pigossi
Marco Pigossi, considerado um dos galãs da Globo na última década, só se assumiu gay em 2021, quando fez uma publicação ao lado de Marco Calvani, seu atual namorado. Mas, para ele, os anos sendo a sensação do momento foram dolorosos, afinal, nem ele sabia exatamente pelo que se atraía e qual caminho poderia trilhar sendo um dos galãs globais mais cobiçados, principalmente por um público feminino.
“Na minha cabeça, não havia nenhuma margem de chance para eu me assumir. Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática (…) Essa possibilidade me aterrorizava”, disse ele em entrevista ao UOL.